Qualquer dia

quinta-feira, setembro 28, 2006



Conclusão

Este relato é igual a tantos outros, á história de tantas outras mulheres e homens que pretendem ter um filho. É só mais uma. Porém, pretendia por a cru, o percurso que alguns de nós têm de enfrentar no nosso Serviço Nacional de Saúde. Contudo, bem sei que existem excepções, já ouvi falar em algumas.

Por outro lado, este relato nunca teve a intenção de tecer qualquer critica á classe médica. Alguns deles, tenho a consciência que são competentes, empenhados, mas pouco podem fazer, face ás condições de trabalho que têm á sua frente. Porém, também acho, que serão mais empenhados nos resultados nas suas clínicas privadas, disso não tenho dúvidas. Bem como, tenho consciência que todo este mundo da infertilidade é um fabuloso negócio.

Este relato teve ainda o objectivo de não me esqueçer do caminho que já trilhamos, e tentar, um dia destes, estabelecer um limite. Tudo tem de ter um limite, e a vida é muito mais do que esta busca. Muito mais. Sinto, cada vez mais, que tem de existir bom senso, moderação e que apenas se deve tentar até ao razoável.

De qualquer forma, sinto-me previligiada, porque temos capacidades para adquirir medicamentos com preços completamente abusivos. Existem milhares de casais que, atravessam o mesmo problema e, tão pouco, tem possibilidade de comprar "o bilhete para o talvez prémio grande da lotaria".

Sinto-me igualmente previligiada pelo facto de esta não ser uma doença que me incapacite, apenas me tira a possibilidade de ter filhos, nada mais. Agora, o que me assusta é o facto de este calvário no Serviço Nacional de Saúde seja idêntico a quem realmente precisa dele para viver. E essas sim são as vitimas do nosso Estado.

18 Comments:

Blogger Penélope said...

Ohhhh amiga, tb eu sempre pensei assim, alias, nós os dois no inicio do calvário estabelecemos um limite (3 fiv’s - 5 anos). Eu sempre amei a vida, amei viver, e quando surgiu o problema da infertilidade o meu mundo tornou-se um pouco cinzento… uma depressão, choros vindos do nada, cobiça dos outros, enfim … ainda passei as 'passas do Algarve'. No entanto pensava como tu, louvava aos céus por ter duas mãos, pernas (poder trabalhar), capacidade de discernimento e acima de tudo o apoio incondicional da minha mãe e dos meus irmãos – sem eles de certeza que teria desistido.

Tens razão, o “mundo da infertilidade é um fabuloso negócio”; tenho muita pena que os médicos e as farmácias assim nos encarem, como fonte privilegiada de rendimentos …

Bj

11:35 da manhã  
Blogger Docinho said...

Acredita... quem precisa tem mesmo um caminho penoso pela frente... acredito que faça desistir mesmo quem tem um sonho muito forte...
A ti... deixo-te uma palavra... força... mesmo que este não seja o caminho que te leve a ter um filho... luta até ao fim... quando achares que acabou... procura novos caminhos... o amor pode ser dado de muitas maneiras e a muitas pessoas que precisam...

Beijos doces com mimo

12:11 da tarde  
Blogger Sónia e MI said...

Acho que tanto tu como a penélope já disseram tudo.
Felizmente não necessitei de tratamentos a não ser ao metabolismo/tiróide, principais responsáveis pelos ciclos anovulatórios. Bastaram-me 2 meses de tratamento hormonal para engravidar, mas 13 de tentativas em que cheguei a pensar em tudo.

Lamento que a infertilidade seja de alguma forma, menosprezada, e proveito de muitos que vivem á custa da luta dos outros , fazendo com isso um negócio.

beijos grandes!!!

12:19 da tarde  
Blogger Uma vida (im)perfeita!!! said...

Olá amiguinha.
Tens razão o nosso calvário é realmente muito dificil de atravessar.
Existem dias que eu falo por mim, apetece-me deixar tudo para trás, fico sem forças.
Mas depois logo passa esta nuvem cinzenta e lá ganho forças outra vez.
Em razão ao "negócio" que é este mundo da infertilidade tens toda a razão, e os medicamentos são absurdamente caros. Para este tratamento gastei 1000€, mas há que ter fá e esperança.
Amiga muitos beijinhos e muito obrigada pelas tuas palavras de conforto deixadas no meu cantinho.
Ando mesmo a precisar delas.
Carla

12:19 da tarde  
Blogger R. said...

Palavras muito acertadas com as quais concordo inteiramente! O SNS tem muito a fazer para ser melhorado e mal daqueles que dependem totalmente dele, embora claro existam bons profissionais!
A infertilidade é, para mim, acima de tudo uma mágoa, mas não é uma incapacidade e deveremos ser capazes de levar a nossa vida com ela. Também concordo inteiramente com a ideia de que deve haver um limite razoável para se tentar, a ser definido caso a caso mas a ser discutido pelo casal.
Estamos em sintonia de pensamento!
beijocas

3:42 da tarde  
Blogger portuguessuave said...

A vida é assim..que se ha de fazer..país ao niuel do Biafra..felicidades

5:01 da tarde  
Blogger Norita said...

Concordo com tudo o que dizes, realmente o nosso SNS está de rastos, pobre de quem precisa dele para sobreviver, pois tal como dizes a infertilidade não é uma doença que nos leve à morte (bem pelo menos a fisica). Eu penso tal e qual como tu, tentar tudo o que estiver ao nosso alcanse, mas senão resultar paciencia temos que aceitar isso, também não quero viver a minha vida só a pensar nisto.
És uma grande mulher, admiro-te muito.
Beijinhos e desejo-te toda a sorte do mundo

5:17 da tarde  
Blogger Nina said...

Concordo plenamente em tudo o que dizes.
Como sabes, amiga, não passei por nada disto, mas tenho cá fora 2 pessoas que me são muito queridas a passar pelo mesmo sufoco(uma delas já conheces), para além deste fabuloso mundo que me permitiu conhecer pessoas como tu.
O comportamento dos médicos é sempre diferente, quer se encontrem no hospital ou no seu consultório...não deveria ser assim, mas este é o país que temos(em França, a realidade é bem distinta desta).
Tens razão quando referes que pior seria teres uma doença que te incapacitasse e que tens que olhar em frente!
De nada vale a pena parar! Imagino que tudo isto seja terrivelmente penoso, mas estás viva, não é princesa? Enquanto houver vida, há sempre esperança!
P.S: para mim não és uma mulher qualquer...tenho muito orgulho em ti!
Beijinhos, querida!

7:34 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

OLá Cris, infelizmente há muitos casais que não podem deixar 400 € na farmacia,como eu tive que deixar ontem, mas tal como tu, enquanto eu poder quer psicologicamente e financeiramente, vou atras do meu sonho.
Esta luta é desigual e desgastante, tb o que faz muitas desistirem.
Quanto ao nosso sistema de saude em geral, deixa muito a desejar,pois para termos uma consulta de clinica geral são meses, como é que para uma consulta de infertilidade não há-de demorar anos, felizmente que tive a sorte da minha médica que conseguir por no publico, senão era mais uma da lista de desistencias.

Um grande beijinho para ti e tudo de bom

9:31 da tarde  
Blogger M. Céu said...

Eu felizmente sempre tive uma assitencia médica que me permite não ter de recorrer ao SNS. Sinto me previligiada por ter esta assitência, permite-me andar num médico particular e comparticipa-me grande parte dos medicamentos! Nem sei como seria de outra forma! Não admira que quem está realmente doente se queixe!

9:39 da tarde  
Blogger Co(S)mic Gal said...

Concordo com tudo o que disseste!
Agra uma coisa te digo...nada de baixar os braços....é sempre em frente linda!
Jinhus e Força!

10:32 da tarde  
Blogger Joana said...

Querida Cris... queria tanto que conseguisses.. fico com o coração tao apertado! Muita força! e sim, ha coisas piores! muita luz! bejs

10:28 da manhã  
Blogger stardust said...

Amiga,

O que há de infeliz a realçar aqui, é que o SNS também não funciona no caso das doenças graves e que isso, ainda pior do que no caso da infertilidade, é de facto muito mau.

Quanto ao negócio da infertilidade, enfim, nada mais há a dizer, e aborrece-me ver tantos casos de pessoas que recorrem a médicos e "clinicas", que ninguém sabe muito bem de onde apareceram nem o que se faz lá dentro, e lá gastam rios de dinheiro com ttt fracassados atrás de ttt fracassados.

Acho que é importante, na altura de decidir, escolher profissionais credenciados ou optar pelo "mau" SNS, pelo menos temos noção que ali a questão lucro não é fundamental. Mas infelizmente nem sempre é assim que se passa, e ouvimos histórias de arrancar os cabelos.

Quanto a ti querida amiga, a verdade é que espero que a esta hora, a tua consulta ja tenha terminado e que as picas estejam a dar o resultado esperado. Temos de ter fé e acreditar que é possível, ainda que por vezes o nosso descrédito seja absoluto. Estou a torcer por ti!

Beijocas e bom fds

12:01 da tarde  
Blogger Alexandra said...

um beijo muito grande para enviar esperança e alegria

12:53 da tarde  
Blogger Amor de Mãe said...

Assino por baixo... mas mm assim, peço-te que nao desistas enquanto o limite nao tiver atingido...

Jinhos linda

1:08 da tarde  
Blogger Maria said...

deve ser completamente angustiante, ainda por cima quase sem a ajuda do estado, mas não baixes os braços, tá..
força

3:07 da tarde  
Blogger Unknown said...

Ora nem mais...subscrevo todas as tuas palavras, com a agravante de eu trabalhar no Serviço Nacional de Saúde e conhecer ainda mais por dentro os meandros do "dito".
Mas tb quero acreditar q há muita coisa boa no sistema público. Aliás, em caso de urgência prefiro q me levem a um Hospital público do q a um privado, por isso já podes ver. Para ter filhos, acho q tb optaria por um Hospital público.
Agora uma coisa é certa: este mundo da infertilidade é um grande negócio! A começar no preço dos ttt e a acabar no preço dos medicamentos!
Enfim...

Beijinhos grandes
Alexandra

6:29 da tarde  
Blogger Ana said...

Está quase tudo dito... o resto é para maiores de 18 anos!

Beijocas ENORMES

9:12 da tarde  

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